Edu Pimenta: A Flor da Pele

“A Flor da Pele” é uma desconstrução do corpo de forma abstracta através da fotografia. Inspirada na intimidade, na sensualidade e no erotismo. Uma experiência bem próxima aos arrepios e as sensações da pele.

A série reúne imagens de corpos nus masculinos em actos íntimos e/ou sexuais. Esta identificação da figura do homem é revelada pela aproximação do plano fotográfico, revelando as partes íntimas do corpo numa análise macroscópica quase em efeito zoom em que os poros, as marcas, os pêlos e o pênis ganham expressão.

O corpo tratado como objecto único e fonte de prazer, a proximidade da lente cria uma maior intimidade com o espectador. Não há uma limitação do espaço, as linhas e as formas tem um papel fundamental na ausência desse limite, seja numa imagem singular, simétrica ou em repetição. Permitindo assim uma livre interpretação e a expressão de conceitos mais complexos e provocativos.

Com a repetição da imagem o elemento sexual transforma-se em composição e elemento gráfico, em que ele próprio com esta repetição, deixa de ser à primeira vista reconhecido como tal. Esta abstracção da própria imagem é o fio condutor que une as várias apresentações deste projecto, variando da fotografia à instalação.

A interpretação e a leitura da obra e a própria colocação no espaço varia de acordo com o movimento e a distância do próprio público, sendo esta capacidade de variação entre o abstraccionismo e o realismo a sua fronteira.

Entrando parcialmente no universo de Nan Goldin (Washington DC, 1953), o processo de criação se torna mais íntimo pela relação do fotógrafo com os fotografados: amigos, amantes e auto-retratos. Longe de qualquer forma de voyerismo mas atento a captura de cada detalhe, questionando os limites do que é público e privado.

“O corpo humano é o ponto de partida existencial para qualquer desenvolvimento
espiritual” Marina Abromovic (Belgrado, 1946). É o suporte da alma.